Hoje, o par apresentou um forte impulso de alta, rompendo dois níveis redondos importantes em 156,00 e 157,00, além da resistência situada em 157,20.

O iene ampliou suas perdas intradiárias após as declarações iniciais do governador do Banco do Japão, Kazuo Ueda, durante a coletiva de imprensa que se seguiu à reunião de política monetária. Ao final do encontro de dois dias, realizado na sexta-feira, o Banco do Japão decidiu elevar a taxa básica de curto prazo em 25 pontos-base, para 0,75%, atingindo o nível mais alto em cerca de três décadas. A decisão já havia sido amplamente precificada pelos mercados e, por isso, não provocou oscilações acentuadas no iene. Em seu comunicado, a autoridade monetária afirmou que continuará elevando os juros, desde que os preços e as condições econômicas evoluam conforme suas projeções.

Autoridades do banco central ressaltaram que a probabilidade de o cenário-base se concretizar aumentou, mas evitaram fornecer orientações específicas sobre os próximos passos da política monetária. Durante a coletiva, Ueda destacou que a economia japonesa atravessa um período de estabilidade moderada, embora ainda existam algumas fragilidades. Ele acrescentou que o banco acompanhará de perto os efeitos do recente aumento da taxa e que o ritmo das próximas decisões dependerá dos indicadores econômicos, de preços e financeiros.

Mais cedo, o Escritório de Estatísticas do Japão informou que o índice de preços ao consumidor (IPC) anual subiu 2,9% em novembro, desacelerando levemente em relação aos 3,0% registrados no mês anterior. Dados adicionais mostraram que o IPC core, que exclui os preços voláteis de alimentos frescos, permaneceu em 3,0%, em linha com as expectativas do mercado. Já o núcleo que exclui energia e alimentos frescos recuou de 3,1% para 3,0%. Ainda assim, a inflação no Japão segue estável e bem acima da meta de 2% do Banco do Japão. Nesse contexto, defensores de um iene mais forte permanecem cautelosos e aguardam sinais mais claros de um aperto monetário adicional, tornando as declarações de Ueda particularmente relevantes para a dinâmica da moeda.

Os desdobramentos no mercado de títulos do governo japonês — de um país cuja dívida ultrapassa 250% do PIB, um patamar recorde — continuam a gerar volatilidade e alimentar preocupações sobre a sustentabilidade fiscal, especialmente diante dos planos de gastos em larga escala da primeira-ministra Sanae Takaichi. Esse cenário tende a exercer pressão adicional sobre o iene.

Nos Estados Unidos, o Escritório de Estatísticas do Trabalho informou que o índice de preços ao consumidor avançou 2,7% em novembro, em base anual, ligeiramente abaixo da previsão de 3,1%. O IPC core, que exclui alimentos e energia, subiu 2,6%, também aquém das expectativas. Esses dados reforçam a percepção de uma desaceleração das pressões inflacionárias, aumentando a probabilidade de cortes de juros pelo Federal Reserve. Atualmente, os traders precificam cortes acumulados de 63 pontos-base em 2026. Além disso, o presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que o próximo presidente do Fed deverá ser favorável a reduções significativas nas taxas de juros.

Essa divergência entre as políticas monetárias do Japão e dos Estados Unidos tende, ao menos, a desacelerar o ritmo de enfraquecimento do iene.

Do ponto de vista técnico, após o rompimento dos níveis redondos de 156,00 e 157,00, bem como da resistência em 157,20, e com os preços se aproximando da próxima resistência em 157,50, os indicadores no gráfico diário permanecem positivos e ainda distantes da zona de sobrecompra. Esse conjunto de fatores sugere uma probabilidade elevada de que o par avance em direção ao nível psicológico de 158,00 no curto prazo.